O presente GO propôs-se a introduzir mais inovação na gestão de pastagens semeadas biodiversas, através da introdução de ferramentas da indústria 4.0, mais concretamente no que diz respeito à promoção de uma adequada e racional fertilização fosfatada das pastagens, com o objectivo de potenciar a sustentabilidade do sistema e dos decorrentes benefícios económicos, sociais e ambientais desta actividade agrícola.
A fertilização com recurso ao adubo fosfatado é um dos factores determinantes e limitantes para uma correcta manutenção e boa produtividade das pastagens semeadas biodiversas. Por outro lado, este adubo mineral, com base em rocha fosfatada, é proveniente de um recurso natural não renovável e limitado.
Uma adubação não equilibrada (quer por deficit, quer por excesso) em fósforo, e que desconsidere as características biofísicas locais (orografia, nutrientes no solo, composição florística, clima, etc.), pode determinar o insucesso e menor produtividade das pastagens.
Por outro lado, o ineficiente aproveitamento do nutriente fósforo por parte das plantas implica não só um impacto directo económico ao agricultor mas também um impacto ambiental, quer por via dos processos de lixiviação do fósforo, quer por via do desperdício de um recurso natural limitado.
A correcta aplicação deste importante factor de produção está, portanto, em muito dependente do conhecimento das condições quer da pastagem, quer do solo e, principalmente, no que se relaciona com as características nutricionais de ambos, que apresentam uma variabilidade espacial distinta. Assim, importa ao agricultor conhecer esta variabilidade espacial de modo a garantir uma tomada de decisão informada sobre as quantidades e os locais para aplicar o adubo fosfatado. A conjugação do conhecimento do sistema com a preocupação dos impactes ambientais e económicos permitem ao agricultor fazer uma gestão planeada e informada sobre o processo de fertilização.
A inclusão da tecnologia na área da produção agrícola é já uma realidade em muitas explorações, sendo a utilização dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), um dos componentes mais impactantes, nomeadamente através do mapeamento de ocupações do solo e das operações, sendo a geolocalização das operações em tempo real, com recurso à tecnologia GPS, a mais relevante.
A tecnologia dos equipamentos agrícolas recorre cada vez mais ao uso dos sistemas de geolocalização GPS, quer directamente no apoio à navegação em tempo real, quer na execução de operações, pré-definidas de acordo com mapas e critérios espacialmente distintos. Neste sentido, e no âmbito deste GO, especificamente na componente da adubação racional da pastagem com fósforo, foi testado uma tecnologia com recurso a um equipamento que permite fazer adubação espacialmente diferenciada (VRT) de acordo com mapas de fertilização, isto é, a aplicação da quantidade estimada de adubo no local predefinido.
Um dos componentes tecnológicos SIG vincadamente mais disruptivos na área da análise espacial e, necessariamente ao serviço da gestão agrícola, prende-se com a disponibilização de informação de detecção remota de alta resolução e de cobertura espacial de forma gratuita e publicamente acessível, nomeadamente com as imagens de satélite disponibilizadas pelo sistema Europeu Copernicos, do par de satélites de observação terrestre - Sentinel2.
A utilização de drones (VANTS) é actualmente uma ferramenta muito útil para a recolha de informação espacial baseada em detecção próxima, que pode ser relacionada com a informação remota provenientes dos Satélites, por um lado e, por outro, com o conjunto de dados provenientes de sensores locais de recolha de informação no terreno.
A tecnologia de modelação de eventos com recurso a algoritmos de Inteligência Artificial (IA) e a maior capacidade de poder computacional disponível, veio acrescentar ferramentas exponencialmente mais poderosas para a análise de dados em largo espectro e em quantidade (“Big Data” – dados locais, próximos e remotos), de modo a contribuir para a produção e estimação de informação espacial útil à decisão e gestão agrícola.
Neste sentido e, de acordo com o exposto em cima, o presente GO debruçou-se na investigação sobre dados locais (análise pastagens, análises solos, análise do terreno), dados próximos (voos de drone) e dados remotos (imagens de satélite) de forma conjugada, de modo produzir inovação na gestão de pastagens no que concerne à adubação fosfatada.
Como principais conclusões alcançadas pelo presente GO, identifica-se em primeiro lugar, a importância do conhecimento das características da pastagem, do terreno e do solo, de forma espacialmente diferenciada. Este conhecimento sobre as pastagens e sobre o solo pode ser modulado com recurso à computação de base em IA, treinados primeiramente com dados locais e próximos e, posteriormente, estimados com recurso aos dados espaciais remotos de disponibilidade gratuita, regular e com cobertura global. Deste trabalho, resultaram modelos de estimação de mapas de Biomassa (ton/ha), do teor em Leguminosas (%) e da Matéria Orgânica nos solos (%), baseado em imagens de Sentinel2, para pastagens semeadas biodiversas.
A segunda principal conclusão do GO é a exequibilidade da aplicação de adubo com recurso a técnica espacialmente diferenciável da tecnologia VRT. Foi possível testar e confirmar a correcta aplicação de uma prescrição previamente definida de acordo com uma perspectiva de gestão da pastagem, na quantidade pretendida e nos locais indicados, ou seja, que o equipamento faz uma aplicação de adubo em consonância com um mapa de prescrição de adubo, que tem em conta de forma espacializada as necessidades das plantas, os nutrientes disponíveis no solo e as recomendações técnicas de fertilização com fósforo em pastagens, convertido num mapa de prescrição. Este processo, foi de fácil implementação e execução pelo operador e conclui-se também deste modo que a tecnologia VRT é um processo de mais-valia no apoio à operação de fertilização e na gestão do factor de produção do adubo fosfatado, com impactos directos económicos e ambientais.
Como perspectivas de trabalho futuro no seguimento do presente GO, reconhecem-se dois pontos importantes e que podem melhorar certamente os resultados e as conclusões descritas anteriormente.
O primeiro prende-se com a necessidade de calibração do modelo IA com base em dados recolhidos noutras realidades espaciais e temporais, isto é, os modelos de IA são tão mais robustos quanto maior e mais diversificada for a informação usada para o treino do modelo, que preferencialmente abranja realidades biofísicas e estados fenológicos das plantas diferentes, nomeadamente em diferentes alturas do ano e em diferentes anos, assim como em diferentes latitudes do território. A calibração do modelo com mais dados permitirá também a utilização de imagens de satélite em datas sem cobertura de nuvens para estimar e modelar os resultados para datas e períodos cuja cobertura de nuvens seja maior.
O segundo ponto de perspectiva de trabalho futuro está relacionado com o estudo dos factores limitantes da absorção do fósforo pelas plantas, nomeadamente tendo em consideração as necessidades e as disponibilidades de fósforo (e outras características químicas e físicas) no solo para as plantas, e qual a sua relação com a produtividade.
O Grupo Operacional GO – Fósforo foi apresentado em vários eventos técnico-científicos, nacionais e internacionais, nomeadamente:
No que se refere às publicações técnicas e científicas, incluem-se as seguintes:
Destacam-se algumas das apresentações dos resultados do Grupo Operacional, mediante Poster ou Comunicação Oral: