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Terraprima na imprensa

Jornal i - Artigo do Professor Tiago Domingos sobre Pastagens Semeadas Biodiversas (11-09-2018)

As pastagens semeadas biodiversas reduzem o risco de incêndio, restauram os solos e reduzem a lixiviação do azoto

As pastagens semeadas biodiversas (PSB) constituem uma solução baseada na natureza, inovadora e economicamente competitiva (economia verde) para pastagens inteligentes do ponto de vista climático que ocorram na região mediterrânica. Tiram partido da biodiversidade no sentido de promover a produtividade das pastagens (mais do que duplicando o encabeçamento sustentável), a fertilidade do solo (triplicando a matéria orgânica do solo), o sequestro de carbono (cerca de 6,5 toneladas de CO2 por hectare e por ano durante dez anos) e a adaptação climática.

A Terraprima (www.terraprima.pt), uma spin-off do Instituto Superior Técnico, liderou uma implementação em larga escala das PSB em Portugal de 2009 a 2014. O Fundo Português de Carbono (FPC) financiou a sementeira e manutenção das PSB junto de 1000 agricultores, abrangendo cerca de 50 mil hectares e induzindo um sequestro de carbono adicional de mais de 1 milhão de toneladas de CO2 (um filme sobre o projeto está disponível em https://youtu.be/WR4tINbSXp4). A Terraprima pagou o sequestro de carbono no solo como um serviço ambiental após receber as respetivas faturas dos agricultores. Um inquérito junto destes apurou que 76% reconheceram o projeto do FPC como um pagamento por um serviço (e não como um subsídio). Os agricultores receberam apoio técnico, com 2-3 visitas por ano complementadas por contacto através de email e telefone.

O projeto foi implementado no sul de Portugal, em ecossistemas degradados após milénios de práticas agrícolas prejudiciais, com muito pouca matéria orgânica no solo (menos de 1%) e elevada suscetibilidade à erosão do solo e desertificação.

A elevada quantidade de espécies de plantas e variedades presentes nas misturas de sementes (até 20) permite maior adaptabilidade da pastagem à variabilidade do solo, à heterogeneidade topográfica e à variabilidade climática anual e interanual (um “efeito de portefólio”). A elevada fração de leguminosas nas misturas providencia uma fonte renovável de azoto ao sistema alimentar e aumenta a produtividade das pastagens.

O alto teor proteico torna as pastagens mais palatáveis para os animais. A manutenção da atividade de pastoreio previne a invasão por parte de espécies arbustivas, reduzindo o risco de incêndio e a necessidade de remoção mecânica destas últimas.

Ao reduzir o risco de incêndio, restaurar os solos e fornecer múltiplos serviços de ecossistema, as PSB estão em conformidade com a Estratégia de Biodiversidade da UE. Ao reduzir a lixiviação do azoto (devido à ausência do uso de fertilizantes azotados) e o arrastamento de fósforo (devido à redução da erosão do solo), as PSB contribuem para a Diretiva-Quadro da Água.

Inquéritos ao consumidor permitiram demonstrar a respetiva disponibilidade para pagar mais pela carne produzida nas PSB, devido à sua qualidade intrínseca e ao seu desempenho ambiental.

Desta forma, as PSB ajudam a resolver o desafio da intensificação sustentável ao permitir simultaneamente o aumento da produção e dos serviços ambientais.

O sistema das PSB foi originalmente desenvolvido por David Crespo, investigador do Instituto Nacional de Investigação Agrária, e expandido pela Fertiprado, empresa que fundou com o seu filho João Paulo Crespo.

Em Portugal, a área de PSB pode ainda aumentar significativamente. O sistema das PSB pode ser expandido para qualquer país com um clima mediterrânico, tanto no próprio Mediterrâneo (nomeadamente Espanha e norte de África) como em todo o mundo. Mediante alguma investigação adicional, os seus princípios fundamentais podem ser aplicados a pastagens localizadas em qualquer região.

 

Professor de Ambiente e Energia no Instituto Superior Técnico

CEO da Terraprima

(https://ionline.sapo.pt/625516)

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