Pastagens Semeadas Biodiversas

Uma inovação da Engenharia da Biodiversidade aplicada ao combate às alterações climáticas.
As Pastagens Semeadas Biodiversas são um sistema de pastagens desenvolvido nos anos 70, em Portugal, pelo Eng.º David Crespo. Diferem das pastagens convencionais por se fazer uso da diversidade (fig.1) e da complementaridade funcional das espécies de plantas para aumentar a produção vegetal.

A verdadeira dimensão destas pastagens como inovação da Engenharia de Biodiversidade só se traduz no seu verdadeiro nome – Pastagens Permanentes Semeadas Biodiversas Ricas em Leguminosas. “Permanentes” porque depois de semeadas são mantidas por um largo período de tempo (pelo menos 10 anos). “Semeadas” porque são introduzidas sementes melhoradas e seleccionadas (fig.2), com maiores produtividades que as sementes existentes naturalmente nos sistemas.

O seu epíteto “Biodiversas” deve-se ao facto de serem semeadas com misturas de grande número de sementes e variedades (até 20) e possuírem, portanto, uma vasta gama de material genético a adicionar ao que já se encontra no local. A diversidade induz uma maior adaptabilidade da pastagem a variações microtopográficas. Juntamente com a diversidade específica, induz uma maior adaptabilidade a variações climáticas anuais. Proporciona, igualmente, uma maior resistência a factores ambientais e uma maior capacidade fotossintética.

A proporção de leguminosas na mistura de sementes é significativa e daí serem designadas “Ricas em Leguminosas” (fig.3). As leguminosas fixam azoto directamente da atmosfera através de microorganismos do género Rhizobium, concentrados em nódulos nas raízes (fig.4). O azoto é, assim, consumido pelas gramíneas, evitando-se que fique em excesso. A elevada fixação biológica de azoto evita a utilização de adubos azotados, que acarretam maiores impactos ambientais e elevadas emissões de gases de efeito de estufa.

A conjugação destas características leva a que as Pastagens Semeadas Biodiversas permitam aumentos de produtividade sustentados. Sendo mais produtivas, providenciam mais alimento para os animais e também aumentos da matéria orgânica (MO) no solo associados ao sistema radicular. A MO é um parâmetro-chave na gestão agrícola, sendo importante por motivos agronómicos e ambientais. Solos ricos em MO são menos susceptíveis à erosão, têm maior capacidade de retenção de água, são mais ricos em nutrientes e, consequentemente, mais férteis (fig.5). Adicionalmente, as leguminosas permitem reduzir o input de fertilização azotada e, consequentemente, diminuir os seus impactos ambientais, além de um mais eficaz controlo da vegetação espontânea, com consequentes reduções nos custos da manutenção da pastagem e no risco de incêndio associado ao uso do fogo para regeneração da pastagem.

Por todos os motivos anteriormente referidos, as Pastagens Semeadas Biodiversas constituem-se como uma opção de sistema agrícola que permite optimizar, simultaneamente, o desempenho económico e ambiental das explorações agrícolas. Ambas as vertentes são particularmente relevantes em áreas susceptíveis ao abandono agrícola e à desertificação (fig.6).
Explorar e descobrir
Fig.1 - Exemplo de composição florística numa Pastagem Semeada Biodiversa
Fig.2 - Exemplo de mistura de sementes
Fig.3 - Uma das leguminosas presentes, Trifolium resupinatum
Fig.4 - Nódulos nas raízes de leguminosas
Fig.5 - Amostras de solo de pastagem biodiversa e natural
Fig.6 - Pastagem Semeada Biodiversa em montado
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